× Capa Meu Diário Textos Áudios E-books Fotos Perfil Livros à Venda Prêmios Livro de Visitas Contato Links

🔥 Fênix Rosa – Tecelã de Realidades e Guardiã das Histórias🌸

Obrigada por viajar comigo através das histórias! ✨ Que cada palavra escrita acenda a chama da imaginação e inspire novos mundos dentro de você.

📖 Siga-me entre as páginas do impossível e nunca deixe de sonhar! 💫

💬 Deixe seu comentário, compartilhe e volte sempre! 🚀🔥

Fênix Rosa
Contos, Versos, Sentimentos e Poesias… Tudo à Flor da Pele.
Textos

Corações Errantes

Capítulo Dez: O Preço da Vitória

 

A guerra terminou, mas a terra de Valleria não sabia o que significava o silêncio. O campo de batalha, que antes vibrava com o grito das espadas e o estalo de feitiços no ar, agora se via coberto por um manto de quietude dolorosa. As cicatrizes da batalha eram visíveis em cada pedaço de terra arrasada, em cada rosto que olhava para o horizonte com a alma vazia, perguntando-se se a vitória compensaria o que haviam perdido.

 

Valleria estava salva. Mas o que restava dela? Uma nação dilacerada, um povo que caminhava agora sobre o peso de um passado sangrento. O trono, que um dia pertencera a uma tirana, agora estava vago, a coroa caída ao chão como um símbolo do fim de uma era. A traição de Selene, a monarca que havia envenenado o reino, foi exposta para todo o mundo, e sua queda ecoou pelas colinas e vales de Valleria. O reino havia sido libertado, mas ao custo da própria alma daqueles que o haviam defendido.

 

E, no meio disso, Kael sentia o peso de um fardo que nem ele conseguia compreender totalmente. Com a alma devastada e o corpo marcado pelas feridas da batalha, ele sabia que não poderia mais permanecer ali, entre os corredores dourados da corte. O príncipe que um dia governaria havia se perdido no homem que se tornara. Ele olhou para as muralhas de Valleria, sentiu o peso de seu legado e, com um suspiro pesado, fez uma escolha silenciosa. Seu lugar não estava mais em Valleria. Seu caminho, agora, era outro.

 

— Kael… — A voz de Lyria ecoou em seus pensamentos. Ela também estava marcada, mais do que qualquer um ali poderia ver. Ela não havia perdido apenas a energia de sua magia, mas havia sacrificado algo mais, algo profundo e insubstituível. O sacrifício que fizera para salvá-lo, para salvar todos, era algo que ela carregaria para sempre, como um peso esmagador no coração.

 

Ela, que uma vez tinha sido uma mulher implacável, agora caminhava mais lenta, mais pesadamente. A dor que ela sentia não era apenas física, mas uma perda que cortava sua essência. Ela havia dado tudo o que tinha, não para ser lembrada como a heroína de um reino, mas para garantir que, ao menos por um momento, o futuro de Valleria fosse mais brilhante do que seu passado. Mas ela sabia: a vitória custava mais do que qualquer um poderia imaginar. Ela estava viva, mas o que restava de sua alma estava vazio.

 

Kael se afastou sem palavras, sem olhares, e Lyria permaneceu ali, seus olhos fixos no horizonte, onde o sol se punha lentamente, pintando o céu de vermelho e dourado — cores que refletiam tanto a destruição quanto a esperança de um novo começo.

 

Evanna, Dorian e Lucian estavam ao seu lado por um momento, mas agora, cada um deles seguia um destino diferente, afastado pelo peso do que haviam enfrentado e perdido. Eles haviam sido os pilares da vitória, mas as suas próprias batalhas, aquelas travadas dentro de si mesmos, ainda estavam longe de terminar.

 

Evanna, com as mãos manchadas de sangue, sabia que a guerra não a transformara em uma heroína. Ela não havia vencido os demônios do passado com sua espada; os demônios estavam dentro dela, e sua luta continuava. Sua vitória não havia apagado o que perdera: amigos, amores e um pedaço de si mesma. Ela sabia que agora precisava de algo mais. Algo que a guerra nunca poderia dar. Mas o reino, agora mais uma vez livre, precisava dela. Ela olhou para os escombros à sua volta, para as cicatrizes visíveis e invisíveis que o reino carregava. Talvez fosse isso que a definia agora: um ser marcado por tudo o que havia vivido, mas ainda de pé, ainda lutando.

 

Dorian, com seu sorriso que já não carregava mais a falsa alegria, olhou para a linha do horizonte e, por um momento, se viu perdido. Ele havia jogado o jogo da vida, sempre em busca de algo mais. Mas a guerra o fizera perceber que não havia mais “algo mais” em sua vida. Não havia mais espaço para ele mesmo. Ele havia lutado por Valleria, mas o que aconteceria agora? Sua jornada não terminaria nos campos de batalha, mas em um novo começo, onde ele não sabia o que o aguardava. Ele olhou para os companheiros ao seu redor e, pela primeira vez, viu neles algo além da sobrevivência — ele os via como seres humanos, com suas próprias cicatrizes e batalhas. E sabia que, apesar de tudo, ele ainda tinha uma missão: encontrar um novo propósito, não para si, mas para aqueles que restaram.

 

Lucian, o cavaleiro que uma vez buscou a honra em um manto de bravura, agora via a guerra não como uma glória, mas como um peso. Ele não encontrou sua redenção nos campos de batalha ou nos aplausos dos que o viam como herói. A verdadeira honra não estava em levantar uma espada, mas em suportar o fardo de suas escolhas passadas. Ele olhou para os outros — Evanna, Dorian, Kael, Lyria — e soube que, embora a guerra os tivesse unido, cada um deles caminharia por um caminho diferente agora. Um caminho mais solitário. Mas Lucian sabia, mais do que qualquer um, que a verdadeira paz não seria encontrada em Valleria, mas nas sombras de sua própria alma, onde ele precisaria se enfrentar.

 

Enquanto o último eco da batalha se dissipava na brisa suave, o futuro de Valleria permanecia imprevisível. O reino renascia, mas as cicatrizes, tanto nas terras quanto nos corações dos que haviam lutado, permaneceriam. Eles haviam lutado por algo maior do que suas próprias vidas, mas o preço da redenção não se pagava com glórias ou vitórias. Ele se pagava com as perdas que cada um carregava silenciosamente, com os pedaços de suas almas que haviam sido consumidos pela necessidade de salvar algo maior.

 

E, enquanto o sol se punha sobre o horizonte devastado, a verdadeira batalha ainda estava por vir. Porque, embora a guerra tenha terminado, o que restava a cada um deles era a necessidade de reconstruir o que nunca poderia ser totalmente reparado. Eles eram corações errantes, e talvez, um dia, encontrassem um lar. Mas isso, ninguém sabia...

Fênix Rosa
Enviado por Fênix Rosa em 25/03/2025
Comentários