× Capa Meu Diário Textos Áudios E-books Fotos Perfil Livros à Venda Prêmios Livro de Visitas Contato Links

🔥 Fênix Rosa – Tecelã de Realidades e Guardiã das Histórias🌸

Obrigada por viajar comigo através das histórias! ✨ Que cada palavra escrita acenda a chama da imaginação e inspire novos mundos dentro de você.

📖 Siga-me entre as páginas do impossível e nunca deixe de sonhar! 💫

💬 Deixe seu comentário, compartilhe e volte sempre! 🚀🔥

Fênix Rosa
Contos, Versos, Sentimentos e Poesias… Tudo à Flor da Pele.
Textos

Corações Errantes

Capítulo Cinco: O Jogo de Dorian

 

As velas tremeluziam sobre a mesa de jogo, projetando sombras que dançavam como espectros nos rostos cansados e embriagados dos nobres. Risos abafados se misturavam ao som de moedas tilintando e cartas sendo embaralhadas. A atmosfera da sala era pesada, impregnada com o cheiro de tabaco, vinho barato e promessas quebradas. O jogo de azar não era apenas um passatempo ali, mas um reflexo da vida dos presentes, onde a derrota era uma constante e a vitória, uma quimérica ilusão.

 

Dorian Velka, com seu olhar de águia e sorriso de pecado, estava no centro da mesa. Seus dedos longos giravam uma taça de vinho, o líquido rubro refletindo as luzes suaves da sala, como se fosse o próprio sangue de sua vida turbulenta. Ele era o mestre da mesa, o jogo em suas mãos fluía com uma habilidade que poucos podiam compreender, mas poucos sabiam que seu verdadeiro jogo não era com cartas e dados – era com corações.

 

— O destino é um jogo de azar — murmurou Dorian, distribuindo as cartas com um movimento gracioso. Sua voz, suave e encantadora, parecia impregnada de um veneno doce. — E eu sempre sei como trapacear.

 

Uma jovem ao seu lado riu, encantada com sua ousadia, seu riso como uma melodia suave, mas Dorian não se permitia sorrir genuinamente. Ele sabia o que os outros não viam em seu sorriso: o vazio que habitava seu coração. Ele colecionava amantes como colecionaria peças de um quebra-cabeça sem sentido, jogando palavras de amor como quem joga uma moeda para um mendigo. Mas, no fundo, ele desejava algo que não poderia possuir – um amor verdadeiro, algo que fosse real, algo que não pudesse escapar por entre os dedos como areia ao vento.

 

Ele já não acreditava em romance, em gestos grandiosos ou palavras sussurradas sob a luz da lua. O amor, para ele, era um conceito tão distante quanto uma estrela cadente, e tão traiçoeiro quanto as cartas que ele agora distribuía. Ele jogava, mas o jogo nunca era sobre vencer. Ele jogava para esquecer, jogava para se distrair da verdade incômoda que sempre pairava ao seu redor: ninguém nunca o amaria, não de verdade.

 

O jogo seguiu por mais algumas rodadas, risos e promessas vazias se espalhando pela mesa, até que algo mudou no ar. Dorian sentiu uma mudança, uma tensão invisível que cortava a leveza da noite. Ele levantou os olhos, como se algo o tivesse chamado da escuridão. O homem que entrou na sala era diferente. Sua capa escura fluía como se tivesse sido feita do próprio veludo da noite. Ele não estava ali para jogar, não estava ali para rir ou para perder. Ele estava ali por um motivo específico, e Dorian sentiu isso em cada fibra de seu ser.

 

O estranho cruzou a sala com passos silenciosos, sua presença imponente fazendo os outros jogadores falharem em disfarçar o desconforto. Dorian observou, os olhos astutos como lâminas afiadas. A mensagem estava no ar antes mesmo do homem falar.

 

O estranho se aproximou, entregando a Dorian um pedaço de pergaminho amassado, o selo quebrado como se estivesse perdido há muito tempo.

 

— A mensagem não é para todos — o homem disse, sua voz grave e sem emoções, como se tivesse sido feita de aço e gelo.

 

Dorian pegou o pergaminho, sentindo a tensão crescente. Ele o desenrolou lentamente, os olhos brilhando com um interesse genuíno. No entanto, a mensagem escrita nas linhas curvadas e rasgadas de tinta era simples, mas poderosa. O destino de Dorian estava prestes a mudar de forma irrevogável.

 

"Vossa excelência, o destino de Valleria está em suas mãos. O que você escolher fará a diferença entre a ruína ou a redenção."

 

O papel parecia pesar mais a cada palavra que ele lia, como se um peso invisível fosse colocado sobre seus ombros. Ele olhou para o estranho com um olhar curioso, mas também com a sombra de algo mais: uma sensação de inevitabilidade.

 

— Você... — começou Dorian, sua voz suave, mas carregada de uma tensão que ele não havia sentido em anos. — Está me dizendo que meu destino não está nas minhas mãos? Que um jogo de cartas não pode mudar o que está escrito para mim?

 

O homem apenas o encarou, sem se mover, seus olhos frios como pedras. Não havia resposta, apenas um silêncio que falava mais do que qualquer palavra poderia.

 

Dorian dobrou o pergaminho e o guardou no bolso, os olhos ainda fixos no desconhecido. Ele não sabia se deveria confiar nesse homem, ou se aquilo era apenas mais um jogo, mais uma peça de teatro com a qual ele deveria brincar. Mas algo nele sentia que, talvez, o tempo de brincar estivesse acabando. Ele se levantou, com um movimento fluido, e deu um sorriso, não o sorriso encantador que todos conheciam, mas um sorriso sombrio, quase triste.

 

— Parece que o jogo acabou para todos, exceto para mim — ele disse, olhando novamente para o estranho. — E agora, o que é que você quer de mim?

 

O estranho inclinou a cabeça, como se visse algo além do que Dorian era capaz de perceber.

 

— O que você quer, Dorian Velka? — perguntou o homem, suas palavras simples, mas carregadas de um peso impossível de ignorar.

 

Dorian parou por um momento, o sorriso se desvanecendo lentamente. A pergunta não era sobre dinheiro, poder ou prazer. Era sobre algo mais profundo, algo que ele já não sabia mais como responder.

 

Ele olhou ao redor, para os rostos que o acompanhavam na mesa de jogo, para as mulheres que o adoravam e os homens que o temiam. Ele era o mestre, o encantador, o sedutor. Mas, no fundo, algo nele estava vazio, algo que nenhuma taça de vinho ou jogo de cartas poderia preencher.

 

— O que eu quero... — Dorian murmurou para si mesmo, mais uma vez perdido em seus próprios pensamentos, antes de finalmente olhar nos olhos do estranho. — Eu quero saber se há algo mais neste jogo. Algo além das mentiras, das máscaras e da falsidade. Algo que eu ainda não encontrei. Algo que me faça acreditar de novo.

 

O estranho sorriu, um sorriso imperceptível que desapareceu tão rápido quanto apareceu.

 

— Talvez você esteja prestes a encontrar o que procura — disse o homem, virando-se para sair. — Ou talvez seja o último a saber.

 

Dorian ficou ali, sozinho, a taça de vinho agora esquecida sobre a mesa. O jogo, para ele, nunca foi apenas sobre azar ou sorte. Sempre foi sobre a busca por algo que não se podia tocar. E agora, com aquele pergaminho em suas mãos, ele sentia que o jogo havia mudado de vez. Algo estava prestes a acontecer, e o caminho dele seria alterado para sempre...

Fênix Rosa
Enviado por Fênix Rosa em 25/03/2025
Comentários